Economia compartilhada no condomínio
Pessoas que vivem num mesmo local, com interesses comuns: esse é um dos conceitos de comunidade e isso se aplica ao condomínio residencial. Afinal, espaços como garagem, elevadores e áreas de lazer são usufruídos por todos. Esse contexto é propício para um modelo alternativo de consumo que começa a ganhar força no Brasil: o da economia compartilhada.
Exemplos conhecidos são de serviços da porta para fora, como aplicativos de entrega de comida (iFood) ou de mobilidade (Uber). No entanto, dentro de casa ou do ambiente residencial também é possível compartilhar o uso de recursos. Neste artigo, vamos explicar esse conceito e detalhar algumas possibilidades.
O que é economia compartilhada?
A economia compartilhada é um modelo econômico e social baseado na partilha de recursos humanos, físicos e coletivos— isto é, não envolve apenas dinheiro, mas disponibilidade, como a permuta de atividades. Não é mais uma tendência, mas uma realidade irreversível.
No século 21, os hábitos de consumo mudaram. Pela sustentabilidade, combate-se o exagero. Para promover a otimização dos recursos, os bens e os serviços são explorados em todo seu potencial, atendendo a mais indivíduos.
A economia compartilhada em condomínios tem conceito próprio, o home & share, e alguns residenciais já nascem com esse modelo colaborativo. Eles oferecem carros e bicicletas para uso compartilhado e até um apartamento mobiliado para moradores receberem visitas, mediante reserva. Também existem aplicativos que funcionam como uma rede social particular do grupo de moradores, em que é possível oferecer serviços e propor uma atividade para divisão dos custos (como uma aula de ginástica funcional, por exemplo).
Atividades que podem ser feitas no condomínio
Uma das transformações recentes no mercado de trabalho é a popularização do home office. Impulsionada pelo avanço tecnológico e mudanças econômicas e comportamentais, é o sistema pelo qual o trabalhador transforma sua moradia em base profissional. Sendo assim, é possível que morem no mesmo condomínio contadores, advogados, jornalistas, tradutores — e os vizinhos serem clientes em potencial.
Outras ocupações podem ter desafios em exercer suas atividades no apartamento. São casos que podem aumentar o fluxo de pessoas no condomínio ou dividir custos que são compartilhados, como energia elétrica ou gás de cozinha, por exemplo. Uma alternativa seria usar áreas comuns com a devida anuência dos condôminos em assembleia. Além disso, o empreendimento pode investir em um espaço de coworking.
A grande sacada é os condôminos tomarem conhecimento desse leque de talentos dispostos a gerar economia compartilhada. O síndico pode contribuir para essa nova cultura estimulando a comunicação interna, como autorizar a fixação de cartazes na portaria ou permitir propagandas no grupo de WhatsApp, desde que tenham regras claras para seu uso. A ideia pode gerar até mesmo uma troca de trabalhos, na base da permuta: a contadora fazer o imposto de renda em troca do serviço de uma depiladora, por exemplo.
Economia compartilhada é legal? Como o síndico deve lidar com isso?
Em caso de dúvidas a esse respeito, nunca é demais recorrer à consultoria jurídica. Como já mencionado, alguns trabalhos remotos caracterizam distorção da função social de uma moradia em condomínio, como produzir comida em grande escala para vender ou atender pacientes.
O importante é o síndico não ter uma postura reativa. O comodismo de dizer “não” pode prejudicar a inovação no ambiente e desperdiçar oportunidades. Se estiver disposto a investigar a legalidade de cada proposta que chegar ao seu conhecimento, irá contribuir muito para disseminar a cultura de economia compartilhada. Se for criativo, irá contagiar todo o condomínio: imagine um morador veterinário fazer um plantão de atendimento aos animais? Ou uma tarde de sábado com serviços prestados por profissionais de beleza? São inúmeras as possibilidades – e a coletividade agradece.
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